Inspirada pela simbologia dos antigos egípcios, a qual explicita pictoricamente segundo suas concepções estéticas e cosmológicas, e tomando a cor como premissa auto-suficiente na pintura, Raimunda Fortes propõe-se, com essas “Simbologias”, a desvelar para os espectadores a sutil relação entre o símbolo – emblema representativo e significante de uma cultura – e a cor, principal agente composicional que aqui também é tratada como significante.
Nessas telas a pintora centraliza os símbolos egípcios referentes a diversos estados de espírito e/ou atributos existenciais, tais como: felicidade, alegria, vida, boa sorte; a estados sociais ou sobrenaturais, como saúde, união e ascensão; ou ainda à grande esperança metafísica: Eternidade.
Adotando formalmente um padrão pictórico arredondado, como metáfora do movimento cíclico universal e, outrossim, para lograr coerência em relação à temática, Fortes circunda esses símbolos com cores que, a nós ocidentais, remetem ou sugerem remissão aos estados anteriormente citados. Com isso ela pretende gerar um pólo de identificação entre o espectador e a obra.
Couto Corrêa Filho