Socorro Boaes
A artista expõe 12 trabalhos em linguagem abstrata na Galeria Maggiorasca
“Na interação e reiteração de uma cromática quente e bem temperada, a pintura de Raimunda Fortes encontra o ponto de equilíbrio e força, extraindo luzes da escuridão como quem retira da feiúra do mundo… turbilhões de energia, em uma demonstração de absoluta crença na existência e em seus valores, sobretudo na arte, que se não modifica o real de imediato, pelo menos inspira sua transformação.”
Esse texto do poeta e crítico de arte Couto Corrêa Filho revela com muita propriedade a essência e a força poética da pintura da artista plástica Raimunda Fortes, que nesta terça-feira, 10, expõe mais uma coleção de suas obras, na Galeria Maggiorasca (Av. Litorânea, 11). O vernissage de sua sétima mostra individual acontece às 19h30 e a exposição fica em cartaz até o dia 7 de fevereiro.
Intitulada Simbologias II, numa referência à segunda edição desse trabalho – a primeira aconteceu em abril do ano passado, no Brisamar Hotel – a mostra é composta por 12 trabalhos em linguagem abstrata e técnica acrílica sobre tela. As cores fortes e vibrantes, “que parecem estar em constante ebulição”, diz Couto Corrêa, em harmonia com os sentimentos, ou ainda, com a expressividade do mundo interior da artista, enfatizam um estilo que já virou fio condutor dos trabalhos de Raimunda Fortes.
Todas as telas possuem a mesma dimensão de 60cmX80cm. Segundo a artista, esse “detalhe” conta muito na visão geral da exposição. “Acho importante valorizar a uniformidade da mostra”. Sobre a sua paixão pelo abstrato, a artista explica que “essa linguagem permite muitas possibilidades de criação, uma riqueza de formas que não se esgotam. Na verdade, a gente acaba brincando um pouco de Deus, ou seja, criando coisas únicas”, enfatiza.
Para compor Simbologias II, Fortes, que já participou de vários salões e mostras coletivas na Bahia, Rio Grande do Sul e Maranhão, lançou mão de alguns símbolos culturais utilizados ao longo da história da arte, como união, alegria, felicidade, vida, eternidade, boa-sorte. Os símbolos, que representam estados físicos e metafísicos, foram inseridos em formas circulares cujo limite é a diversidade de cores e tons.
A harmonia das cores é fruto da preocupação da pintora que, como webmaster e programadora visual, sempre utiliza a tecnologia para buscar o tom ideal, através das inúmeras possibilidades de experimentação de cores e formas, isso em tempo hábil e sem gastar nada.
Formada em Educação Artística pela UFMA e Ciências Biológicas pela UEMA, e Mestre em Sustentabilidade de Ecossistemas, Raimunda Fortes atualmente é professora do Uniceuma da área de zoologia e arte educação.
É autora do livro A Obra Escultórica de Newton Sá, editada pelo Governo do Estado e editora Siciliano em 2001. No mesmo ano organizou Leitura Visual – Uma experiência interdisciplinar no estudo das artes plásticas e escreveu Os “Descobertos” e os descobridores do Brasil, monografia premiada pela Fundação Municipal de Cultura (FUNC).
Hoje, no vernissage, a artista e escritora apresenta ao público mais um trabalhou que contou com sua participação. Chama-se Arte Maranhense: produção e ensino. Organizado pela artista em 2001, o livro, 268 páginas, é dividido em duas partes, compostas por textos de 60 alunos do Curso de Licenciatura em Educação Artística da UFMA. A primeira parte do livro é composta por 20 artigos sobre artistas maranhenses. A segunda possui 21 textos a cerca do ensino de arte nas escolas públicas e particulares de São Luís. O livro estará à venda na Galeria Maggiorasca durante a abertura da mostra.